Exibição à “campeão” mostra “Alma” da equipa
03-05-2010 13:00Não me considero propriamente uma pessoa que valorize as vitórias morais que tanto caracteriza o desporto em Portugal. Por norma, no nosso jardim à beira-mar plantado, todos os fracassos são da responsabilidade dos outros ou devem-se única e exclusivamente à falta de sorte, de condições de treino ou de apoio institucional ou, para cúmulo dos cúmulos, à premeditação dos árbitros. Admito que também já festejei aqui uma ou outra vitória moral das Seniores mas, por vezes, trata-se mais de uma jogada psicológica com objectivos ulteriores do que qualquer glorificação descabida das nossas derrotas. Dito isto, não tenho problema absolutamente nenhum em revelar que saí no Sábado passado, do Pavilhão Nery Capuchos em Marinha Grande, com a satisfação de ter assistido a uma fabulosa exibição das Seniores da AREPA, para a 1º Fase da Taça de Portugal, e com uma sensação de orgulho que não sentia há muito tempo.
Em circunstâncias normais, como ficou provado no Campeonato, o Sir 1º Maio é superior a AREPA e, por isso, as perspectivas para este jogo não eram propriamente as melhores. Se a isso juntarmos o facto de o Sir 1º Maio nos ter ganho nesta competição, sendo que na 1º volta sairam vitoriosos por uma diferença de 13 bolas em nossa casa, e que recentemente concluiu a sua participação na 1ª Divisão Nacional de seniores femininos, num merecido 6 lugar, mais difícil (ou impossível) se tornava a concretização do sonho de passar fase seguinte desta competição.
Quis o destino que as reduzidas hipóteses de sucesso fossem ainda mais delapidadas, e de um momento para o outro, a equipa viu-se impedida de contar com três das suas habituais titulares, lateral Esquerda Nazaré Mendes, Pivot Daniela Delfino e Central Vanessa Rosa, excluídas com vermelhos durante a 2º parte do jogo aquando a nossa diferença era mínima ou até mesmo superior por duas bolas, vamos lá perceber porquê “ Senhores árbitros “?! Face a todos estes constrangimentos, a ida a Marinha Grande não agoirava nada de bom, apesar da vontade e determinação demonstrada por todos à saída da AREPA.
Quem se deslocou ao pavilhão localizado na Marinha Grande, certamente deu por bem empregue o tempo gasto, pois assistiu, do primeiro ao último minuto, a um jogo renhido, de boa qualidade, e com emoção ao rubro. A AREPA, mesmo limitada e ferida, não se entregou à derrota prevista e deu luta, mas que luta, ao actual segundo classificado da nossa série.
Apesar de todos estes contratempos, de todas as infelicidades, de todas as faltas, a AREPA lutou com dignidade, determinação e orgulho pela vitória. Infelizmente o Sir 1º Maio foi demasiadamente mais inteligente, especialmente a partir do ultimo minuto do jogo, mas ao intervalo o merecido era certamente o empate (09:09).
Mas quando entrou na segunda parte a AREPA resolveu a questão, marcando presença, determinação e avisando que não iria adormecer nem sequer dar o jogo por resolvido ou entregar como se diz “ o Ouro ao bandido “ e passou a liderar com 2 bolas de diferença e resistiu até ao minuto 59, mas vacilou, de forma mais que justificada, nos derradeiros momentos, permitindo ao Sir 1º Maio uma vitória certamente saborosa (e não menos merecida) por 28:25.
Certamente e não canso de alertar, que esta equipa, que não treinando à 4 anos, apenas com alguns meses de treino e com 5 jogos nacionais, consegue colocar em “sentido” equipas já com experiencia nas 1º divisões nacionais com uma maturidade já acrescida para a idade que as mesmas apresentam.
Quanto a destaques, acho que todas as atletas da AREPA, sem excepção, merecem o reconhecimento público pela determinação, coragem e vontade demonstrada. Sabemos que as vitórias são importantes para o clube, incluindo os objectivos, mas existem outras vitorias também elas importantes, como recuperação de um grupo, recuperação física e maturidade, a confiança e elo de amizade e fortalecimento das ideias e dos planos estratégicos. Não se trata de explicar ou justificar as derrotas, mas muita coisa seria diferente, caso não ouve-se tantos contratempos como (lesões, falta de crença..) quando assim é.
Parabéns meninas
Prof. Alexandre Figueira
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